terça-feira, 14 de dezembro de 2010

JOÃO DE YEPES

São João da Cruz. Frei Carmelita, poeta, sacerdote, amigo de Santa Teresa.
Santo apaixonado por Deus, místico, misteriosamente simples, sendo considerado por alguns por muito complexo. Baixinho que revolucionou seu tempo e ainda hoje mostra-nos a beleza de amar o Amor.

“Frei João da Cruz, alma transformada em Deus, sentiu como ninguém o sopro carismático da poesia, esse sopro misterioso que estremece as entranhas do espírito com a violência de uma invasão divina. Toda poesia é uma dádiva de graça e amor. A de São João da Cruz  é além disso uma mensagem divina: descobrir Deus nas criaturas, contemplá-las “vestidas de sua formosura”, surpreender a “passagem” de Deus que vai “mil graças derramando” por onde quer que passe. Tudo isso é levar as coisas a Deus, sua fonte e princípio. Sublime missão sacerdotal da poesia de São João da Cruz.”(Obras Completas de São João da Cruz).
São João da Cruz, reza por nós!


 Para vir a saborear tudo
Para vir a saborear tudo,
não queiras ter gosto em nada.
Para chegar a saber tudo
não queiras saber algo em nada.
Para chegar a possuir tudo,
não queiras possuir algo em nada.
Para chegar a ser tudo,
não queiras ser algo em nada.

Para chegar ao que não gostas,
hás-de ir por onde não gostas.
Para chegar ao que não sabes,
hás-de ir por onde não sabes.
Para chegar a possuir o que não possuis,
hás-de ir por onde não possuis.
Para chegar ao que não és,
hás-de ir por onde não és.

Quando reparas em algo,
deixas de lançar-te ao todo.
Para chegar de todo a tudo,
hás-de afastar-te de todo em tudo.
E quando chegues de todo a ter,
hás-de tê-lo sem nada querer.

Quando já não o queria,
tenho tudo sem querer.
Quanto mais eu tê-lo quis,
com tanto menos me vejo.
Quanto mais buscá-lo quis,
com tanto menos me vejo.
Quando menos o queria,
tenho tudo sem querer.
Já por aqui não há caminho,
porque para o justo não há lei;
para si ele é a lei.

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